Biografia de Rute Maria Barbosa em Cordel

SURFANDO PELA VIDA

Meus amigos prestem atenção,

Ao que eu venho lhes contar,

É a vida desta pernambucana,

Minha amiga jeitosa e popular,

Vou contar pois dela mesmo ouvi

Comigo falou, para eu biografar,

Maria Rute, Barbosa tem no nome,

Ela veio de um lugar onde passou muita fome,

Vestido de chita e chinelas de alpercata,

Mulher franzina, deu murro em ponta de faca,

Muito nesta vida sofreu, agora só quer descansar

Por isto me pediu para a sua história contar,

Foi criada pela avó vejam só a doce sina,

Pois seus queridos pais se separam,

Quando ela era ainda bem pequenina,

Estudar foi só pouco, muito não conseguiu,

Logo se cansou e para o trabalho partiu,

Com onze anos era dona de si e seu caminho seguiu,

Voltando no início, vejam só como tudo se passou,

Sua vida de criança, uma revira volta deu,

Mas com garra e determinação ela superou,

Isso tudo aconteceu, aos três anos de idade,

Nascida em Prazeres criou-se em Boa Viagem,

Que diz ser hoje uma linda cidade,

Nasceu em vinte dois de novembro de mil novecentos e vinte sete,

No Estado de Pernambuco, capital é Recife,

Filha de José Francisco Barbosa,

Maria José de Albuquerque, Barbosa não tinha,

Mas sim um imenso amor a sua filhinha,

Imaginava poder criá-la, mas não conseguiu,

Quando os pais se separam vejam só a confusão,

Ela tinha três anos, muito entendia não,

A mãe não tinha condição de criá-la sozinha,

Vida muito dura no sertão, sem marido podia não,

Foi aí que seus avós assumiram sua educação,

E sua mãe foi trabalhar pra poder ganhar o pão,

E assim essa pequena menina cresceu,

Pela vida, muito, muito ela aprendeu,

Quando tinha onze anos, com uma tia foi morar,

Sabe Deus as humilhações que esta a fez passar,

Lavando roupas nos córregos,

Bacia na cabeça sem poder nem carregar,

Ia e vinha esta pequena de lá para cá,

A comida só comia depois de acabar,

Suas funções do dia a dia, para a noite descansar,

Sem falar das sovas que a tia vivia a dar,

Isto tudo a pobre conta, com lágrimas a rolar,

Chega a quem escuta, ocoração cortar,

E assim a vida foi passando,

Quando já era moça, um moreno conheceu,

Foi aí que o cupido logo lhe flechou,

E assim a menina Rute se apaixonou,

Mas o moço foi-se embora, para o Rio viajou,

E passando mais uns anos ela também se mudou,

Foi para o Rio de Janeiro afim de trabalhar,

Foi morar lá Mangueira, era um bairro popular,

Para os nordestinos que vinham se aventurar,

Ali chegando fez muitas amizades,

Os amigos de Boa Viagem lá os encontrou,

Trabalho também, e sua vida mudou,

Foi-se embora do sertão e sorte ela deu,

Trabalhando e morando em lugar que escolheu,

O moreno do sertão na Mangueira encontrou,

Suas vidas ajuntaram e logo se casaram,

Daí vieram tr~es filhos, e uma de adoção,

Que mulher corajosa é esta Rute lá do sertão,

Hoje tem filhos, netos é até bisavó,

Mas os dias de tristeza, não esquece não,

Vive em Porto Seguro, um lugar que adotou,

Depois que viúva minha amiga ficou,

Amigos não lhe faltam, todos a querem bem,

Faz parte de um grupo de melhor idade também,

Pois é meus amigos, aqui eu vou deixar,

Esta singela homenagem para Maria Rute

Ela é mesmo uma mulher muito especial,

Anda um pouco adoentada sofrida pela idade,

Mas a força que tem, é uma raridade,

He Maria Rute, você é de fato uma mulher de verdade.